sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Destroços de um coração .

Aquela música - que eu adorava dançar - havia se tornado uma sessão tortura aos meus ouvidos. Todas aquelas luzes, aquela fumaça, ofuscando a minha visão. Eu nunca odiei aquilo tudo. Mas naquele momento, elas faziam com que eu me sentisse tonta, perdida. Impossibilitando toda a visão que eu tinha de você. Eu, sentada naquela cadeira, isolada da festa, naquele canto. Tive a impressão, de que quando as pessoas me olhavam, imaginavam que eu tinha bebido tanto, que não conseguia nem levantar. Todas aquelas pessoas, me julgando com os olhos, soltando cochichos maliciosos. Mas eu estava bem. Pelo menos, no sentido de bebida. Eu estava apenas desnorteada. Vendo você tão perto de mim, e tão distante ao mesmo tempo. Sempre ouvi essa expressão, mas nunca havia sentido ela de fato. Naquela noite, nenhuma gota de alcool molhou meus lábios. Meus lábios sedentos. Sedentos do teu beijo. O qual há muito tempo eu não provara mais.
Você, um pouco a frente de mim, sentado em outra cadeira sozinho. E eu, tentando criar uma coragem que não brotava nunca no meu coração. A coragem pra sentar do seu lado, e te dizer tudo o que eu precisava dizer. Sim, eu precisava dizer. Se eu não dissesse à você naquela hora, eu não poderia dizer nunca mais. Eu iria embora. Para sempre. No dia seguinte, você não faria mais parte da minha rotina. E eu não queria partir com esse sentimento. Se não fizéssemos as pazes até o fim daquela festa, não haveria outra chance. Quando senti que aquela coragem brotava lentamente em meu coração, comecei a levantar trêmula daquela cadeira. E quando fui dar o primeiro passo em sua direção, aquela..aquela..Eu nem sei como chamá-la. Amiga? Que seja. Ela sentou-se do seu lado, e você sorriu. Um sorriso malicioso, torturoso, matador. Fiquei aliviada por não ser o seu melhor sorriso, aquele que só eu conseguia arrancar de seus lábios. Mas ainda sim, senti um vulcão prestes a entrar em erupção em meu corpo. Meu coração, minha veias, tudo latejava de tanta raiva. Tão poucas palavras trocadas, e ela conseguiu despedaçar meu coração em uma martelada só. Eu só pude ver os lábios dela tocando os seus. Então caí sentada naquela cadeira. Olhei para o chão, como se pudesse ver os pedaços do meu coração quebrado. Mas a única coisa que vi foi aquela gota. Uma gota salgada e amarga, uma gota de dor. Uma lágrima automática.
Minha visão esfumaçou-se, então percebi. Era só mais um sonho. Mas não fiz questão de abrir os olhos. Não queria que lágrimas automáticas molhassem meu travesseiro, não esta noite. Me desliguei. Como se meu coração fosse uma máquina. Que pudesse ser desligada. Naquela noite, não. Naquela noite eu não fazia questão de acordar. Adormeci. Desliguei meu coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário